O crescimento indiscriminado de escolas médicas foi o tema principal do 1º Fórum Futuro da Medicina, promovido pelo Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS), nesta segunda feira (20). O encontro foi na sede da autarquia e contou com a presença de médicos, estudantes, professores e autoridades.
Também foram abordadas as políticas públicas que afetam diretamente a carreira da categoria, como a falta de planos de cargos e carreiras, residência obrigatória em Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), programa Mais Médicos, entre outros.
O debate foi conduzido por autoridades diretamente ligadas à medicina, educação e política. Entre elas estavam o presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM/MS), Celso Rafael Gonçalves Codorniz; o médico e Deputado Federal, Luiz Henrique Mandetta; o professor da Uniderp, Antônio Carlos Carbonaro; a secretaria do CRM/MS, Luciene Lovatti; o professor da UEMS, Renato Arruda e o corregedor do CRM/MS, Alberto Cubel Brull Junior.
Segundo o presidente do CRM/MS, Celso Rafael Gonçalves Codorniz, o Brasil é o segundo país do mundo a ter mais escolas médicas e isso tem gerado preocupação. “Muitas faculdades estão oferecendo o curso sem as condições necessárias para o ensino, muitas vagas foram abertas apenas para atender desejos políticos e isso não podemos admitir”.
Codorniz declarou ainda que tanto o Conselho Federal de Medicina quanto as regionais tem lutado contra isso e convidou os acadêmicos para o combate. “Sei que muitos não gostam de política, mas as decisões tomadas em Brasília interferem diretamente em nossas vidas, ou nos envolvemos ou eles decidirão por nós”.
De acordo com a primeira-secretária do CRM/MS, Luciene Lovatti, as medidas que atualmente estão em debate terão um grande impacto na carreira dos acadêmicos, “o fórum foi criado para orientar esses jovens que enfrentarão tais mudanças”.
Em sua explanação, o Deputado Federal, Luiz Henrique Mandetta, discorreu sobre aspectos históricos da medicina mundial e declarou, “o campo político é uma trincheira da medicina. Esse ano criamos a Frente Parlamentar da Medicina, precisamos ter representatividade política para lutar pelo direito dos médicos e por uma saúde de qualidade para a população”.
Mandetta ressaltou ainda que de 2014 a 2017 o número de faculdades de medicina saltou de 230 para 363.
Alberto Cubel Brull Junior, no ato representando a secretaria Nacional de Residências Médicas, Rosana Leite de Melo, palestrou sobre os aspectos técnicos e legislação que rege a residência no Brasil e alertou, “estão surgindo vários cursos de pós-graduação que não são reconhecidos pela Comissão Nacional de Residências Médicas (CNRM), tomem cuidado, pois estes não são validos para que vocês sejam especialistas”.
E o professor da Uniderp, Antonio Carlos Carbonaro fez um alerta: “O governo tem feito uma série de barbaridades e nós médicos não reagimos, preferimos não nos envolver com política, mas nos esquecemos de que a política interfere diretamente em nossas vidas. Precisamos ir para o debate”.
Ariadne Carvalho – Abaetê Comunicação